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Huol oferece tratamento para o transtorno bipolar

SEGUNDA-FEIRA
31 MARÇO
Internado por 60 dias no Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN), da Rede Ebserh, o corretor de imóveis, Valney Mello, iniciou em 2012 o tratamento que mudaria sua relação com a vida. Valney trabalhava como corretor de imóveis em uma imobiliária recém-instalada na cidade quando passou por uma reviravolta inesperada. “De uma hora para outra, passei a ter uma atividade cerebral bastante intensa. Muito falante, sem sono e sem limite de horário de trabalho”, lembra. A princípio, tudo parecia fruto do estresse, mas os sinais pioraram e chamaram a atenção da esposa, que, com apoio de amigos, o levou até uma urgência psiquiátrica do Sistema Único de Saúde (SUS). Lá, após avaliação de uma médica que ele descreve como “competente e humana”, veio o diagnóstico: transtorno bipolar.
Quando o diagnóstico muda tudo
A história de Valney não é incomum. Segundo Emerson Arcoverde, psiquiatra do Huol, um dos principais entraves no diagnóstico é a semelhança com outras condições psiquiátricas. “Nos casos de maior gravidade, podem ocorrer sintomas psicóticos, o que pode confundir com esquizofrenia. Isso atrasa o diagnóstico e, consequentemente, o início do tratamento adequado”, afirma. Para ele, a suspeita diagnóstica deve ser considerada em pacientes jovens com depressão grave, especialmente se houver histórico familiar de transtorno mental grave ou sintomas anteriores de euforia. Emerson explica que os primeiros sinais costumam surgir entre a adolescência e o início da vida adulta, mas o diagnóstico pode demorar até dez anos para ser feito.
A origem do transtorno bipolar envolve uma combinação de fatores. “É um dos transtornos mais relacionados com genética, tendo um risco muito alto da doença de se manifestar em pessoas com histórico familiar de bipolaridade ou de suicídio”, explica Emerson. Ele também aponta que traumas precoces, negligência ou vivências de violência na infância aumentam consideravelmente o risco.
“Levo o tratamento muito a sério”, afirma Valney, que desde 2012 segue com acompanhamento trimestral no Huol. Ele também participou de terapia em grupo, conduzida por profissionais de diferentes especialidades. Segundo o paciente, essa rotina de cuidado foi fundamental para manter a estabilidade e evitar novas crises.
“Hoje tenho mais responsabilidade comigo mesmo. Evito situações que podem me levar ao estresse novamente, curto muito minha família, pratico atividades esportivas, ainda trabalho no mercado imobiliário e participo de atividades religiosas em minha paróquia”, conta Valney.
O peso do preconceito
Apesar de sua vivência positiva, Valney reconhece que parte de sua tranquilidade em relação ao preconceito decorre do fato de que nem todos sabem sobre seu diagnóstico. “Não apresentei mais nenhum episódio de crise depois disso”, diz. No entanto, para muitas pessoas com o transtorno, a realidade é marcada por estigmas e desinformação.
Caminhos para o equilíbrio
No Huol, onde Valney segue seu acompanhamento, há dois ambulatórios voltados especificamente para o transtorno bipolar: um para casos mais instáveis, outro para pacientes estáveis há mais de seis meses. São cerca de 250 pacientes acompanhados por equipes multiprofissionais, incluindo psiquiatras, psicólogos, farmacêuticos e enfermeiros. Atualmente, o Hospital também conduz uma pesquisa que investiga o uso de toxina botulínica como tratamento adjuvante para depressão bipolar. O acesso é feito por meio de encaminhamento via unidade de saúde ou interconsulta interna.
Dia Mundial do Transtorno Bipolar
Para que mais pessoas compreendam o que é essa condição, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, foi criado o Dia Mundial do Transtorno Bipolar, celebrado em 30 de março, e visa ampliar o conhecimento, combater o estigma e promover o acesso ao cuidado.  A data marca o nascimento do pintor Vincent Van Gogh, diagnosticado postumamente com o transtorno.
Sobre a Ebserh
O Huol faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Fonte: Ebserh/UFRN. Texto: João Pedrosa; Edição: Juliana Holanda; Revisão: Rebeca Ribeiro.

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