QUINTA-FEIRA
10 JULHO
Apesar de não haver dados oficiais, especialistas dizem que a presença de protestantes aumenta constantemente na ilha
Cuba, que já foi na prática um "Estado ateu", baseado na "concepção materialista científica do Universo", agora vê o crescimento de evangélicos, em meio à maior crise econômica do país dos últimos 30 anos.
Embora não existam dados oficiais sobre o número de evangélicos no país, o consenso de especialistas aponta no mesmo sentido do que agora se vê nas ruas de Havana.
"Sem dúvida temos visto um aumento [dos evangélicos em Cuba] nos últimos cinco anos", afirma o cubano Pedro Alvarez Sifontes, mestre em Estudos Sociais e Filosóficos da Religião pela Universidade de Havana e pesquisador assistente no Centro de Pesquisa Psicológica e Sociológica.
Foi a crise de saúde pública compartilhada com o resto do mundo e o agravamento dos problemas econômicos particulares da ilha que fomentaram a adesão de milhares de cubanos, sobretudo jovens, às igrejas evangélicas, apontam entrevistados
"Depois da pandemia, a crise levou muito mais pessoas a se aproximarem da fé e das igrejas", diz o teólogo Eliecer Portal, evangélico batista que trabalha como guia turístico no interior do país.
"Momentos de crise chamam as pessoas à fé, principalmente quando sentem que suas vidas estão em jogo."
Segundo especialistas, a ascensão dessas novas igrejas conta com a influência não só de religiosos estrangeiros, principalmente dos EUA, mas, também, das redes sociais.
Desde 2020, houve um aumento relevante do número de fieis dos movimentos pentecostais, neopentecostais e carismáticos. São referências a divisões do mundo evangélico, muitas delas com forte influência da produção acadêmica e que também estão sendo usadas em Cuba —como o próprio termo neopentecostalismo.
10 JULHO
Apesar de não haver dados oficiais, especialistas dizem que a presença de protestantes aumenta constantemente na ilha
Cuba, que já foi na prática um "Estado ateu", baseado na "concepção materialista científica do Universo", agora vê o crescimento de evangélicos, em meio à maior crise econômica do país dos últimos 30 anos.
Embora não existam dados oficiais sobre o número de evangélicos no país, o consenso de especialistas aponta no mesmo sentido do que agora se vê nas ruas de Havana.
"Sem dúvida temos visto um aumento [dos evangélicos em Cuba] nos últimos cinco anos", afirma o cubano Pedro Alvarez Sifontes, mestre em Estudos Sociais e Filosóficos da Religião pela Universidade de Havana e pesquisador assistente no Centro de Pesquisa Psicológica e Sociológica.
Foi a crise de saúde pública compartilhada com o resto do mundo e o agravamento dos problemas econômicos particulares da ilha que fomentaram a adesão de milhares de cubanos, sobretudo jovens, às igrejas evangélicas, apontam entrevistados
"Depois da pandemia, a crise levou muito mais pessoas a se aproximarem da fé e das igrejas", diz o teólogo Eliecer Portal, evangélico batista que trabalha como guia turístico no interior do país.
"Momentos de crise chamam as pessoas à fé, principalmente quando sentem que suas vidas estão em jogo."
Segundo especialistas, a ascensão dessas novas igrejas conta com a influência não só de religiosos estrangeiros, principalmente dos EUA, mas, também, das redes sociais.
Desde 2020, houve um aumento relevante do número de fieis dos movimentos pentecostais, neopentecostais e carismáticos. São referências a divisões do mundo evangélico, muitas delas com forte influência da produção acadêmica e que também estão sendo usadas em Cuba —como o próprio termo neopentecostalismo.
TENDÊNCIAS
No Brasil, os evangélicos costumam ser classificados em três vertentes: protestantes históricos; os pentecostais e os neopentecostais. Os históricos, como calvinistas, luteranos e anglicanos, estão mais ligados às práticas e crenças da origem do protestantismo.
Já o pentecostalismo se expande a partir do século 20 com ênfase no Espírito Santo, que podia se revelar através de milagres e acontecimentos sobrenaturais. Um dos principais símbolos dessa corrente é a Assembleia de Deus.
O termo neopentecostal, por sua vez, caracteriza igrejas surgidas depois dos anos 1950 —embora alguns autores falem mais no pós-1970.
Elas enfatizam a guerra espiritual do bem contra o mal, tendem a ser mais flexíveis com a rigidez dos costumes e professam a Teologia da Prosperidade, professada por igrejas que associam a religiosidade a conquistas materiais e melhorias no estilo de vida.
O teólogo Eliecer Portal, que já frequentou igrejas neopentecostais, acrescenta que a busca pela prosperidade em vida seduz muito dos jovens que procuram as novas igrejas cubanas.
O fenômeno é visível pelas ruas. Nas ruas de Santa Clara, no interior de Cuba, ou da capital Havana, a reportagem presenciou homens e mulheres reunidos nas praças para orar.
Há grandes igrejas em bairros periféricos e outras menores, mais próximas ao centro, instaladas no térreo das casas —que, mesmo quase caindo aos pedaços, mantêm uma estrutura digital para os cultos, como TVs e sistemas de som novos e completos.
Para Frei Betto, estudioso do assunto, o surgimento dos neopentecostais como força política em Cuba é preocupante. "A maioria [das igrejas neopentecostais] se opõe à Revolução e se aproveita da atual crise do país para fomentar 'valores' do capitalismo, como individualismo e meritocracia", diz.
"Mas, o regime, hoje, se aproxima do neoliberalismo por uma questão de sobrevivência da população, já que o bloqueio imposto pelos EUA e a inclusão, pela Casa Branca, de Cuba na lista dos países promotores de terrorismo, afetam profundamente a vida dos cubanos", opina. Fonte: Folha de SP.
No Brasil, os evangélicos costumam ser classificados em três vertentes: protestantes históricos; os pentecostais e os neopentecostais. Os históricos, como calvinistas, luteranos e anglicanos, estão mais ligados às práticas e crenças da origem do protestantismo.
Já o pentecostalismo se expande a partir do século 20 com ênfase no Espírito Santo, que podia se revelar através de milagres e acontecimentos sobrenaturais. Um dos principais símbolos dessa corrente é a Assembleia de Deus.
O termo neopentecostal, por sua vez, caracteriza igrejas surgidas depois dos anos 1950 —embora alguns autores falem mais no pós-1970.
Elas enfatizam a guerra espiritual do bem contra o mal, tendem a ser mais flexíveis com a rigidez dos costumes e professam a Teologia da Prosperidade, professada por igrejas que associam a religiosidade a conquistas materiais e melhorias no estilo de vida.
O teólogo Eliecer Portal, que já frequentou igrejas neopentecostais, acrescenta que a busca pela prosperidade em vida seduz muito dos jovens que procuram as novas igrejas cubanas.
O fenômeno é visível pelas ruas. Nas ruas de Santa Clara, no interior de Cuba, ou da capital Havana, a reportagem presenciou homens e mulheres reunidos nas praças para orar.
Há grandes igrejas em bairros periféricos e outras menores, mais próximas ao centro, instaladas no térreo das casas —que, mesmo quase caindo aos pedaços, mantêm uma estrutura digital para os cultos, como TVs e sistemas de som novos e completos.
Para Frei Betto, estudioso do assunto, o surgimento dos neopentecostais como força política em Cuba é preocupante. "A maioria [das igrejas neopentecostais] se opõe à Revolução e se aproveita da atual crise do país para fomentar 'valores' do capitalismo, como individualismo e meritocracia", diz.
"Mas, o regime, hoje, se aproxima do neoliberalismo por uma questão de sobrevivência da população, já que o bloqueio imposto pelos EUA e a inclusão, pela Casa Branca, de Cuba na lista dos países promotores de terrorismo, afetam profundamente a vida dos cubanos", opina. Fonte: Folha de SP.
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