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Padre Inácio dá continuidade ao processo de canonização do Padre João Maria

SEXTA-FEIRA
26 ABRIL
O Padre Inácio Henrique de Araújo, da Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, em Petrópolis,  Natal, vai cuidar da continuidade do processo de beatificação do Padre João Maria.
Continuidade, sim, porque esse processo se prolonga desde os tempos do saudoso Monsenhor Assis, que era um intelectual especialista nesta área e que muito bem fundamentou, junto ao Vaticano, as razões pelas quais o padre potiguar merece ser guindado à condição de Santo. O Padre Inácio, portanto, assume o processo já bem adiantado. 

Padre Inácio com o Conselho Paroquial

No próximo domingo, 28, a partir das 18 horas, com a presença do Arcebispo Metropolitano Dom João Santos Cardoso, haverá a instalação de abertura oficial e instalação do Tribunal da causa de beatificação e canonização do Padre João Maria, etapa importante e necessária, junto à Santa Sé, para a conclusão do processo, que deverá ser referendado pelo Papa Francisco, ainda em previsão de dada. Processos de canonização costumam ser bastante demorados, salvo raras exceções. 
Após a sessão de instalação do Tribunal será celebrada missa em ação de graças, presidida pelo Arcebispo. 
UM POUCO DA HISTÓRIA DO PADRE JOÃO MARIA

Abaixo, confira um pouco da história do Padre Potiguar que poderá ser sagrado Santo pelo Vaticano, em data não muito distante. O artigo abaixo foi publicado pelo Padre João Medeiros Filho, um dos estudiosos da biografia do Padre João Maria (foto abaixo): 


No dia 16 de outubro, o Rio Grande do Norte comemora a vida em plenitude de um de seus ícones religiosos: Padre João Maria Cavalcanti de Brito. Nasceu aos 23/06/1848 na Fazenda Logradouro, outrora no município de Caicó, hoje pertencente a Jardim de Piranhas. Concluiu o curso teológico no Seminário da Prainha (Fortaleza), onde foi colega de turma dos padres Cícero do Juazeiro e Sebastião Constantino de Medeiros (o qual governou o bispado de Olinda, quando da prisão de Dom Frei Vital Gonçalves de Oliveira). Posteriormente, Padre Sebastião tornou-se jesuíta, sendo o primeiro professor brasileiro da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. No Seminário de São Pedro em Natal, havia uma pintura de Moura Rabelo, retratando Padre João Maria. O quadro exibia o sacerdote em frente a um casebre, socorrendo os carentes da paróquia. 
Era realmente uma figura carismática, que nos remete à Primeira Carta aos Coríntios no capítulo 13, parafraseado por Dom Helder num belo texto: “Se eu possuísse a melhor casa de minha rua, a melhor roupa, sapatos da moda, e não me lembrasse de que sou responsável pelos que passam fome na minha cidade, andam de pés descalços e se cobrem de trapos, seria apenas um manequim colorido. Se eu passar os fins de semana em festas sem lembrar das doenças e miséria, sem escutar o grito abafado do povo que se arrasta à margem da vida, não sirvo para nada.” O cristão não deve fugir dos desafios de seu tempo nem se desesperar diante das dificuldades. “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro sempre encontrado nos perigos” (Sl 46/45, 1).
Padre João Maria continua a encantar os fiéis. Seu exemplo de vida é um convite a uma postura despojada, voltada para valores éticos e evangélicos, distante de interesses mesquinhos e desprovidos de solidariedade. O “Anjo de Natal” ensinou-nos que a caridade afasta o medo e abraça os infelizes e sofridos. Há mais de um século, o “Amigo dos pobres” viveu profundamente o mandamento maior do Amor. Sua imagem mantém-se viva na memória de muitos. Apesar de não ter sido ainda canonizado, foi elevado pela fé e devoção popular à honra dos altares de nossos corações e reconhecimento do povo. Suas virtudes e santidade – marca da presença de Deus em sua vida – suplantam os meandros burocráticos. Ninguém conseguirá aprisionar a graça divina e a força da fé. 
Durante a pandemia da Covid-19, seguindo as orientações pastorais (como profilaxia), os fiéis se abstinham de dar as mãos na oração do Pai Nosso e nos cumprimentos da paz. Distribuía-se a comunhão na mão dos comungantes. Contudo, a fé do “Apóstolo da Cidade” e a dedicação aos seus semelhantes foram mais fortes do que o temor da peste. Socorreu irmãos contaminados pela varíola, cólera e outras doenças infectocontagiosas, que grassavam pela Natal do final do século XIX e início do século XX. Seguiu Cristo, que se apiedou dos cegos, coxos, paralíticos e acometidos de tantas enfermidades. Viveu o exemplo de São Francisco de Assis e São Damião de Molokai, que cuidaram dos leprosos e marginalizados. 
Padre João Maria enfrentou as epidemias, imbuído das palavras de Cristo: “Prova de amor maior não há que doar a vida pelos irmãos” (Jo 15, 13). O sacerdote, pai dos desvalidos e enfermos, chegava a cortar a batina que vestia, transformando os pedaços da veste clerical em ataduras para as feridas de seus irmãos. Certa feita, encontraram-no caído no chão, extenuado, após preparar mingau e sopa para os empesteados. Um dos cânticos da Campanha da Fraternidade de 1974 lembra-nos a sua caridade: “Onde sofre o teu irmão, eu estou sofrendo nele.” O “Apóstolo dos pobres” viveu o ensinamento do Mestre: “Estava doente, e cuidaste de mim” (Mt 25, 35). Monsenhor Paulo Herôncio de Melo, outro apóstolo da caridade, definiu Padre João Maria como o “Colo de Deus para os esquecidos e sofridos.” Que lá do Céu, ele ilumine também o nosso novo arcebispo, que nos albores de seu ministério episcopal depositou flores no busto do “Anjo de Bondade”, sempre glorificado no templo da gratidão de seus devotos. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão a misericórdia de Deus” (Mt 5,7). Fonte: Padre João Medeiros Filho.

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