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Brasil já perdeu 94% da população de jumentos e risco de extinção é real

DOMINGO
20 JULHO
Jumento, jegue, jirico, burro... o nome destes animais varia, de região para região, mas eles tem uma profunda relação com a história do Brasil, sobretudo na região Nordeste onde, por décadas, foi usado como meio de transporte de pessoas e de cargas - a maioria das vezes mais pesadas do que eles suportavam, mas tinham que seguir caminho, por não ter como reagir às chicotadas dos donos.
Pois bem, essa espécie tão ligada à vida dos nordestinos, com o progresso que tomou conta do mundo - no nordeste, foram substituídos por vários outros meios de transportes - está correndo o risco de extinção, sendo motivo de alerta, sobretudo por parte de estudiosos.  
O número de jumentos no Brasil caiu 94% nos últimos 30 anos, de acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). 
Especialistas e defensores dos direitos dos animais vêm alertando para a necessidade de preservar esse patrimônio genético e cultural, que carrega séculos de história e contribuição ao desenvolvimento do campo brasileiro.
O perigo de extinção é real e iminente. Em 1999, havia cerca de 1,37 milhão de jumentos no Brasil. Em 2025, o número caiu para aproximadamente 78 000. Existem apenas seis animais para cada 100 que existiam há três décadas. “Por trás da matança está uma estatal chinesa, que usa a pele do animal para produzir colágeno, matéria-prima do ejiao, produto da medicina chinesa que promete o sonhado rejuvenescimento sem cirurgia e também maior potência sexual”, diz Adroaldo José Zanella, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP)  Os chineses, por óbvio, rechaçam a acusação. 
A diminuição da população de jumentos no Brasil é um tema complexo, que envolve questões de conservação, legislação e, claro, preservação de um patrimônio cultural brasileiríssimo. A mobilização de diversos setores da sociedade é crucial para buscar soluções sustentáveis e garantir o futuro da emblemática espécie. 
O tema atravessou fronteiras nos últimos dias. Na África, há uma moção assinada por mais de cinquenta países pela proibição do abate. Em Portugal, o bicho passou a ser valorizado pelos benefícios que pode trazer. O leite da fêmea é usado para fazer cremes e substituir a amamentação materna. Com tudo isso, se continuar na mesma toada, dos jumentos brasileiros pode até atrapalhar o acordo do Mercosul com a União Europeia. O tratado inclui compromissos explícitos com o bem-estar animal. “Também abala a imagem do agronegócio  para o mundo”, diz o professor Zanella. “É um risco que o Brasil não deveria assumir.” 
Se não houver um reação, seja por parte dos usuários ou conservadores destas espécies, em poucos anos o jumento existirá apenas na memória e nos registros históricos-econômicos do Brasil. (Com informações da Revista Veja, edição de 20/07/2025 e Portal DM).

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