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Digitalização do acervo do Diário de Natal está parada

 Foto: Magnus Nascimento - TN
QUARTA-FEIRA
28 MAIO
Treze anos após o fechamento, o acervo do Diário de Natal ainda não está disponível para consulta. O jornal, um dos mais longevos veículos de comunicação do Estado, encerrou as suas atividades em 2012. Desde então, o acervo foi doado à UFRN. O processo de digitalização foi iniciado em 2018, mas está paralisado por falta de financiamento. De acordo com o professor Haroldo Carvalho, que coordena os trabalhos, não há expectativa de novos recursos para a continuidade do processo. O acervo físico também está indisponível para consulta, por falta de pessoal. Jornalistas que atuaram no DN lamentaram a indisponibilidade de acesso, uma vez que o jornal é uma fonte importante das memórias do RN.
Osair Vasconcelos, que esteve no Diário entre 1976 e 1978 como repórter, e depois, de 1996 a 2009, como diretor de redação, avalia a situação como uma lacuna para os registros da história do RN. “O Diário de Natal, sem dúvida nenhuma, teve um papel preponderante como jornal, ouviu muitas vozes, registrou fatos e períodos decisivos para os potiguares. E todo esse material é alvo de busca de muitas pessoas interessadas, como historiadores, escritores e pesquisadores”, pontua o jornalista.
Osair Vasconcelos destacou a importância do material | Foto: Magnus Nascimento - TN
Vicente Serejo, que esteve no Diário de 1970 a 1996, disse que é urgente a digitalização do acervo, única forma de manter preservada a memória local, segundo ele. “Temos o material impresso, mas são páginas que vão amarelando e morrem, se dilaceram. Até mesmo por causa disso, o acesso a esse acervo físico precisa de muito cuidado e é perigoso. Por isso, a urgência da digitalização”, fala Serejo.
Vicente Serejo pontua a urgência da digitalização | Foto:  Magnus Nascimento - TN
Cassiano Arruda Câmara, que assinou a coluna Roda Viva no DN por cerca de 35 anos, avalia que os jovens, que não vivenciaram grandes momentos da história potiguar do passado, são quem mais perdem sem o acervo. “Acho a situação absurda. É uma fase do estado que está escondida e a qual a nova geração não tem acesso. Mas veja: estamos falando de um material que pertence a todo o RN”, afirmou. De acordo com o professor Haroldo Carvalho, até o momento, foram digitalizados apenas os arquivos da década de 1940 e um volume avançado do material relativo aos anos de 2009 a 2012.
O acervo está guardado em uma sala da Comperve, no campus central da UFRN, desde 2023. O material digitalizado até o momento resultou em custos de cerca de R$ 700 mil, montante proveniente de emendas parlamentares. Os recursos foram utilizados na compra de equipamentos, material e pagamento de mão de obra para atuar na restauração.
Na semana passada ele se reuniu com membros do Ministério Público para tentar recursos com vistas à retomada do processo. “A digitalização foi uma demanda que chegou para a universidade por sugestão de um procurador”, explicou o professor.
Os trabalhos de digitalização são realizados pelos Laboratórios de Conservação e Restauração do Departamento de História, da UFRN, executados por bolsistas. Segundo Haroldo Carvalho, para manter os bolsistas são necessários cerca de R$ 100 mil por ano. A manutenção dos equipamentos envolve custos mais elevados. No ano passado, um novo equipamento, mais moderno, foi adquirido graças a mais emenda parlamentar, no valor de R$ 100 mil.
Para o pagamento dos bolsistas (R$ 700 ao mês por bolsista), no entanto, houve dificuldades. “Tivemos sete bolsistas que trabalharam de agosto a dezembro de 2024, mas que só receberam no final. Muitos deles demonstraram desinteresse e foram em busca de bolsas com mais estabilidade”, pontuou.
O trabalho de digitalização do acervo começa com a limpeza do jornal para a retirada de resíduos das páginas. Em seguida, o material é submetido ao scanner para a digitalização. Para a execução, foi assinado um termo de comodato pela UFRN com a Editora Diários Associados S/A em 2013, que prevê também o acesso livre para consulta pública do material restaurado. Fundado em 1939, o Diário de Natal seguiu até outubro de 2012. Pelo termo, o trabalho de digitalização pode ser executado até 2033.
“Acho a situação absurda”, disse Cassiano Arruda Câmara | Foto:  Magnus Nascimento - TN
“A gente consegue concluir todo o material que ainda falta em cinco anos, só que, por enquanto, não dá para dizer quando o trabalho vai ser retomado diante dessa falta de recursos”, fala o professor. Ele explica que a digitalização dos últimos anos do jornal foi antecipada por causa da constante procura por parte de pesquisadores e jornalistas por materiais dessa época. O processo começou em 2018, foi paralisado durante a pandemia, retomado em 2022, antes de parar novamente.
A UFRN também foi a responsável por digitalizar parte do acervo da Tribuna do Norte (de 1950 a 1987 e de 2006 em diante). A falta de recursos também é o responsável pelo fato de o material completo não ter sido ainda digitalizado. Quem quiser acessar o acervo físico precisa agendar pelo telefone 4006-6100, ramal 6109. As consultas podem ser feitas na sede do jornal. Fonte: Tribuna do Norte. 

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